Modernidades do se Relacionar
Em um mundo com excesso de estímulos e possibilidade, com tantas séries, livros, músicas, informações, pensamentos, filmes, notícias, lugares, comidas, textos, caminhos...
Como saber o que acessar?
Temos hoje praticamente todo o conhecimento do mundo na ponta dos dedos e ao alcance dos olhos, e com isso ficamos perdidos catatônicos como Nietzsche sendo observado pelo abismo. Aí entra o também confuso processo de escolher quem serão os curadores de conteúdo que chega até nós, quem escolheremos para ser os guardiões das chaves do nosso tempo, a quem confiaremos o poder de escolher o que consumiremos, dentro desse mar de “e se...”.
Tenho refletido bastante sobre como esses curadores são responsáveis pelo tamanho e até da flexibilidade da bolha em que nos encontramos. Interagir com um mundo torna-se cada vez mais complexo e desafiador e é importante escolher com sabedoria a que nichos pretendemos participar. Não considero que essa seja uma realidade moderna, desde sempre a necessidade de pertencimento, a necessidade de se agrupar e ser aceito nos grupos esteve presente na humanidade, seja por: características físicas, a partilha do espaço demográfico, paridade de títulos e posses, similaridade da língua e cultura, compartilhamento de crenças religiosas... A lista é infinda. Onde há humanos há junção e grupos. Primeiro porque não conseguimos dar atenção igual importância a todos os que nos cercam, segundo porque ter grupos mas próximos geram confiança mútua e consequentemente proteção, grupo de apoio.
Porém recentemente passamos a acentuar a equivalência de gostos e predileções como delimitadores sociais, e isso nos torna cada vez mais singulares e presentes em grupos muito específicos, e dessa maneira vamos se inserido, ao mesmo tempo, em vários grupos sociais aparentemente sem conexão. Podemos ter mais em comum e estar a mesma bolha de alguém do outro lado do mundo e ter zero conexão com o nosso vizinho do lado ou um parente que mora na mesma casa.
Daí surge a definição das bolhas sociais, que são esses grupos que se retroalimentam de informação e cultura estreitando os laços e afinidades pelos participantes, e muitas vezes o fazendo ignorar a realidade fora das bolhas. É um mundo tão complexo e desafiador, que cada grupo surge e se mantem de forma singular e por vezes até imperceptível para os próprios participantes.
Quem sãos os que dominam nas narrativas e fluxos de informações desses espaços? Eles têm ou não intensão definida? Essas bolhas são inclusivas ou exclusivas? Elas visam flexibilizar e evoluir o conhecimento, ou apenas reforçam as tradições e paradigmas criado dentro do espaço?
Com tanta informação disponível é difícil conseguir discernir o verdadeiro do falso, o real do artificial, o que merece ou não a nossa atenção. E ai entregamos esse poder nas mãos de amigos, conhecidos e influencers, normalmente participantes das mesmas bolhas que nós, nos deixando a mercê do outro a escolha para o que consumimos.
Será que esses, que gerenciam, mantem e usam essas bolhas, em alguns casos até como fonte de renda, sabem da importância que damos a sua opinião? Será que eles tem a índole e ética de não usar esse “poder” para benefício próprio ou mesmo para destruir quem os segue?
Ilustração gerada por AI (Stable Diffusion)
Trago aqui mais perguntas do que respostas. Mas há pouco de como fugir dessas influências sem se trancar em uma caverna, que ao mesmo tenhamos um senso crítico de questionar a veracidade e sobretudo a intensão por trás da informação que recebemos. E verificar se estão alinhados com nossos valores internos e principalmente se não fere a liberdade e o direito no outro.
Quem será o curador do museu de nossas memórias, em um mundo com excesso de estímulos e possibilidade?
Se você está aqui, obrigado pelo tempo e confiança que depositou. Seja crítico, o que escrevo é sobre meu mundo e minha realidade, e não uma verdade sobre o mundo ou a única constatação da realidade.
Avatar 2
Fui assistir e só tenho três comentários: é lindo, três horas é muita coisa e o roteiro consegue ser pior que o primeiro.
É fato que James Cameron (Titanic), tem um super tesão por água e nesse filme ele se diverte dentro dela. O filme é lindo, o universo criado é maravilhoso, a tecnologia permitiu uma qualidade fora do comum. As vezes é difícil dizer para o cérebro que nada daqui é real. Mas uma coisa temos que concordar, o roteiro é “qualquer coisa”, as motivações são péssimas, os personagens maniqueístas, tem um foco nessa família totalmente desnecessário, todos os clichês cinematográficos de roteiro estão ali.
Atuações são muito legais, fica o crédito para a Sigourney Weaver (Alien, 1979) que conseguiu transmitir bem a sua jovialidade interpretando a própria filha. No mais, queria mais da Neytiri, interpretado pela maravilhosa Zoe Saldana, que perdeu muito o protagonismo do último filma para cá.
Avatar 2 é uma obra visual perfeita, que muito bem poderia ser um jogo. Eu ficaria maravilhado em passar horas, dias, passeando e interagindo com a fauna, flora e os perigos de o mundo de Pandora. Mergulhar por aqueles rios e lagos, pular e correr por dentro daquela selva, voar nos Ikran em meio a pedras voadoras... Cameron, me dê liberdade para criar minhas próprias histórias em Pandora.